segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O Parnasianismo no Brasil

O que é o Parnasianismo e onde surgiu?

O Parnasianismo é uma escola literária surgida no Século XIX na França e apareceu como um movimento opositor ao Romantismo, tentando lutar contra o descuido textual e o sentimentalismo exagerado. 

O interesse pela beleza trouxe a arte pela arte, com textos rebuscados e o culto à forma. 

O próprio nome dado remete a Parnasos, o lar das musas na mitologia grega, e o estilo retomou conceitos da Antiguidade Clássica como o racionalismo. 

A perfeição na escrita e a inspiração da arte, sendo a principal característica parnasiana a valorização do soneto, da métrica, da rima.


Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, a “Tríade Parnasiana”. | Foto: Reprodução


No Brasil


O surgimento do Parnasianismo no Brasil foi marcado pela publicação da obra “Fanfarras”, de Teófilo Dias, em 1882, embora tenha ganhado força com os nomes Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia. 
O Parnasianismo foi um movimento de estilo poético que marcou bastante a elite brasileira no final do século XIX. 
No começo do movimento, ele apresentava nítida influência francesa, valorizando sempre a forma e o culto à arte. 
Com o passar dos tempos, os parnasianos brasileiros não seguiram todos os acordos propostos pelos franceses, pois muitos dos poemas apresentavam subjetividade e preferências voltadas ao que acontecia de fato no Brasil, algo que contrariava o “universalismo”, característica do Parnasianismo francês. 
Os temas universais que apareciam na França se opunham ao individualismo romântico que mostrava os aspectos pessoais, os desejos, sentimentos e aflições do autor.
O poema “Profissão de fé” , de Olavo Bilac, é uma representação da estética parnasiana no Brasil: 
Veja um trecho: 
(...) 
E horas sem conta passo, mudo, 
O olhar atento, 
A trabalhar, longe de tudo 
O pensamento. 
Porque o escrever – tanta perícia 
Tanta requer, 
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer. 
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma, 
Por servir-te, Deusa serena, 
Serena Forma! 
Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como “a arte pela arte”: o poeta deixa claro que a arte poética exige do autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo. 
Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico, purismo na forma: o poeta diz que escrever requer muita perícia, cuidado e engrandece a estética formal “Serena Forma”. 
Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, a rima rica e a perfeita ou rara em contraposição aos versos livres e brancos dos poetas românticos.

Principais características da poética parnasiana

  • A poética parnasiana se baseia no binômio culto da forma/objetividade temática, em uma postura totalmente anti-romântica.
  • A objetividade temática surge como uma negação ao sentimentalismo romântico, tentando atingir a impessoalidade e impassibilidade.
  • Era uma poesia carregada de descrições objetivas e impessoais, se opondo ao subjetivismo decadente do universalismo francês.
  • Foi uma poesia de meditação filosófica, no entanto artificial.
  • Retomava os conceitos da Idade Antiga clássica: o racionalismo e formas perfeitas.
  • Suas poesias tinham uma perfeição formal, com forma fixa dos sonetos, métrica dos versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e decassílabos perfeitos, rima rica, rara e perfeita.
  • O poeta evitava utilizar as palavras da mesma classe gramatical em suas poesias, buscando tornar as rimas mais ricas na estética.


Principais autores do parnasianismo brasileiro e suas obras


  • Adalberto de Oliveira: Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895), Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia Brasileira (1916).
  • Olavo Bilac: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias (1906), Dicionário de rimas (1913), Tratado de versificação (1910), Ironia e piedade, Crônicas (1916), Tarde (1919).
  • Raimundo Correia: Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).
  • Curiosidade: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia formaram a chamada “Tríade Parnasiana”.


Exercícios sobre o parnasianismo

Questões:

1. (FUND. UNIV. RIOGRANDE) Marque a afirmativa correta:
a) O Parnasianismo caracterizou-se, no Brasil, pela busca da perfeição formal na poesia.
b) O Parnasianismo determinou o surgimento de obras de tom marcadamente coloquial.
c) O Parnasianismo, por seus poetas, preconizava o uso do verso livre.
d) O Parnasianismo brasileiro deu ênfase ao experimentalismo formal.
e) O Parnasianismo foi o responsável pela afirmação de uma poesia de caráter sugestivo e musical.


02. Assinale a alternativa que tenha apenas características do Parnasianismo:

a) culto da forma; objetivismo; predomínio dos elementos da natureza;
b) preocupação com a forma, com a técnica e com a métrica; presença de rimas ricas, raras, preciosas;
c) predomínio do sentimentalismo; vocabulário precioso; descrições de objetos;
d) teoria da arte pela arte; métrica perfeita; busca do nacionalismo;
e) sexualidade; hereditariedade; meio ambiente.


03. (MACKENZIE) Não caracteriza a estética parnasiana:

a) A oposição aos românticos e distanciamento das preocupações sociais dos realistas.
b) A objetividade, advinda do espírito cientificista, e o culto da forma.
c) A obsessão pelo adorno e contenção lírica.
d) A perfeição formal na rima, no ritmo, no metro e volta aos motivos clássicos.
e) A exaltação do “eu” e fuga da realidade presente.


04. (CEFET-PAR)

E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes. (Olavo Bilac)

Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:

a) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.
b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu-poético.
c) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardentes”visa a presentificar o movimento dos astros.
d) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
e) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.

 
05. Enfocando os temas e as atitudes parnasianos:

a) a poesia parnasiana é alienada, no sentido de que ignora as questões que não sejam essencialmente estéticas;
b)
 há um acentuado desprezo pela plebe e pelas aspirações populares;
c) o artesanato poético é sua principal preocupação;
d) os parnasianos diferem da atitude impassível e anti-sentimental dos realistas;
e) é uma poesia de elaboração, fruto do “esforço intelectual”.


06. Ainda quanto a estes temas e atitudes:

a) existe uma preferência pelos temas universais, objetivos;
b) ao fazer a fixação da cenas históricas, o poeta coloca-se ao lado dos anseios de sua época;
c) a mitologia é revalorizada;
d) filosoficamente, os parnasianos são pessimistas;
e) a descrição de fenômenos naturais é freqüente em seus versos.


07. Leia os versos:

Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhantes copa, um dia,
Já de  aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia.
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Todas de roxas pétalas colmada.  (Alberto de Oliveira)

 Assinale a alternativa que contém características parnasianas presentes no poema:

a) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e subjetivismo;
b) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com sentimentalismo amoroso;
c) revalorização das idéias iluministas e descrição do passado;
d) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à Grécia antiga;
e) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual.


Texto para as questões 08 a 10

Vila Rica

1     O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
2     Sangram, em laivos de outro, as minas, que ambição
3     Na torturada entranha abriu da terra nobre;
4     E cada cicatriz brilha como um brasão.
5     O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.
6     O último ouro do sol morre na cerração.
7     E o, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
8     O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
9     Agora, para além do cerro, o céu parece
10   Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu
11   A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.
12   Como uma procissão espectral que se move...
13   Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
14   Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove. (Olavo Bilac)
 
08. Sobressai no poema:

a) a descrição de um ambiente fictício;
b) a visão do homem infeliz;
c) um retrato valorizador da fé humana;
d) um aprofundamento do mistério humano;
e) O aspecto descritivo e a lembrança de um passado histórico.


09. Predominam no texto:

a) imagens gustativas e auditivas;
b) imagens acústicas e tácteis;
c) imagens  acústicas e olfativas;
d) imagens visuais e tácteis;
e) imagens acústicas e visuais.


10. Assinale o par que melhor se aplica ao poema:

a) manhã / tarde
b) religião / ateísmo
c) dor / felicidade
d) mistério / solução
e) opulência / decadência

Para ter acesso ao gabarito destas questões, clique aqui.
Referências:

Vilarinho, Sabrina . Parnasianismo no Brasil. Disponível em <http://www.brasilescola.com/literatura/parnasianismo-no-brasil.htm>. Acessado em 14/09/2013.

Geórgia, Nayla. Parnasianismo no Brasil – Obras e características.  Disponível em < http://www.estudopratico.com.br/parnasianismo-no-brasil-obras-e-caracteristicas/#ixzz2jiDu8bAu>. Acessado em 14/09/2013.

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